
Para a entidade, a fruta tem potencial para conquistar espaço nas prateleiras dos supermercados e agradar ao paladar dos cearenses, graças à sua doçura e sabor diferenciado.
O produto foi apresentado na Pec Nordeste 2025, realizada em junho deste ano, e já está disponível para negociação com os vendedores.
Conforme o presidente da Coopades, José Carlos do Rêgo, a última colheita resultou em cerca de 6 mil quilos do produto. Por suas especificidades, cada quilo da fruta poderia ser comercializado entre R$ 3 e R$ 4.
A melancia amarela é menor que a tradicional de polpa vermelha, com peso entre 1,5 kg e 3 kg.
"Mas estamos vendendo a R$ 1,20 o quilo, justamente para que as pessoas conheçam o produto e queiram comprar", explica.
Com o centro de distribuição da Coopades instalado no bairro Dias Macedo, ele comenta que tem passado em pontos de venda e deixado produtos para degustação.
"As pessoas precisam experimentar para querer. Por isso, estamos fazendo esse trabalho de apresentação do produto. Começamos com essa degustação ainda na PEC Nordeste e foi um sucesso", conta.
Rêgo acrescenta que a cooperativa comercializa cerca de duas dezenas de produtos da agricultura familiar para programas de alimentação popular no Ceará, incluindo a melancia tradicional.
Ele avalia que, neste ano, o preço do produto está em alta, com o quilo custando em média R$ 2. Esse fato fez com que a melancia amarela precisasse ser oferecida a preço de custo para se tornar mais atraente ao consumidor, já que ainda é pouco conhecida.
A entidade afirma ser a primeira no Ceará a plantar essa variedade. As frutas que já aparecem nos mercados locais são trazidas da Bahia, onde a melancia amarela é produzida desde 2021, segundo o presidente da Coopades, tendo sido introduzida por um imigrante japonês.
O agricultor responsável pelo plantio da melancia amarela em Aracati e tesoureiro da Coopades, Antônio Braz da Silva, explica que esta é uma cultura que requer mais cuidado se comparada à melancia tradicional. Ele exemplifica pelo preço das sementes, que são importadas do Japão.
O milheiro de sementes, no caso da amarela, custa R$ 620, o que é 10 vezes mais caro do que as sementes da espécie comumente vendida por aqui.
Além disso, ela não seria tão fácil de pegar. "O cultivo é mais difícil, mas, dependendo do carinho e cuidado, dá o ano todo", afirma Antônio.
Ele explica que, atualmente, 12 pessoas trabalham diretamente no cultivo da fruta, em uma área de 8 a 10 hectares. Do plantio à colheita são cerca de 65 dias, e o pé produz apenas uma vez, precisando ser substituído para nova produção.
"Estamos, realmente, plantando para colher no mercado", reforça o agricultor, lembrando que a expectativa é começar a ter lucro com a melancia amarela em 12 meses.
O foco da cooperativa é o mercado estadual, mas eles já vislumbram outros estados com o passar do tempo.
"A Coopades tem uma banca de venda de produtos na beira da rodovia BR-304, no km 98, e muitos caminhoneiros de Pernambuco, por exemplo, estão comprando ali a nossa melancia amarela, levando para suas cidades e, quando passam de volta, compram novamente. Isso é bom porque abre as nossas possibilidades", conta Rêgo.
O engenheiro agrônomo da Coopades, Antônio Ernando, afirma que, após a boa aceitação do solo e cultivo da melancia amarela, a entidade já está buscando diversificar ainda mais o seu portfólio e, quem sabe, ter produção de produtos "tipo exportação".
Entre os experimentos estão o cultivo da cenoura e beterraba orgânicas, além do projeto de plantação de morango, maracujá, pitaya e cacau. "Nestes últimos, estamos no processo de elaboração e implantação dos projetos de irrigação e estufas", explica.
Ele conta que a entidade também está buscando a ampliação de captação de famílias agricultoras na região do sertão. Nesta localidade, a intenção é incentivar o plantio de açaí e pimenta-do-reino, "produtos que possuem um grande mercado, vendem muito, mas não temos cultivo".
Sobre o investimento no cultivo, o presidente José Carlos afirma que é "muito variável e complexo e corresponde às necessidades de cada agricultor". Ao todo, a Coopades possui, atualmente, 133 famílias que recebem suporte técnico e financeiro para a produção de hortifrutis no Estado.
Postado por: Radialista Sergio Adriano
Fonte: Diário do Nordeste